O Clube do Livro foi uma experiência muito bem sucedida que reuniu alguns amigos virtuais que tem algo em comum: gostar de livros e de leitura. Durante algum tempo, neste espaço, falamos de livros, de temas e discutimos assuntos variados, sempre sob a ótica de estímulo à leitura e do amor pelos livros, sejam eles de que gênero forem.

O tempo e os afazeres de cada um, no final, acabaram por dificultar o prosseguimento da ideia inicial. Então, se você chegou até aqui, saiba que este blog deixou de ser atualizado, mas todo o seu conteúdo está disponível. Fique à vontade para explorar o que foi dito, ver os livros que lemos e discutimos, o que dissemos sobre eles. Enfim, tudo o que foi feito continua on line.

E obrigado pela visita.

paulo-coelho_foto3Cada povo tem o best-seller que merece. Mas que raios!!! O que tem Paulo Coelho a ver com Morte e Vida Severina? Tirante o fato de que o Clube está em estágio de hibernação, fiquei dando tratos à bola de como fazer um agito por aqui. Escolher assuntos picantes? Sexo sempre dá Ibope! Livro de auto ajuda? Assuntos controversos? Afinal, debate só existe quando podemos discordar… Ai, ai, ai. Como é bom discordar, vocês não acham? Retornando a Paulo Coelho.

A opinião do autor

Pois então, lembrei da entrevista que havia lido com o João Cabral de Melo Neto. Vou citar assim de memória, porque não consigo achar de maneira alguma, não sei se foi na Folha, na Veja, na Bravo – ou será que sonhei? Sonhei não. Nesta entrevista, João Cabral de Melo Neto falava que havia escrito Morte e Vida Severina para ser popular. Que seus outros poemas, estes sim, exigiam mais do leitor. Pois é. Há populares e populares. Popular como Coelho, popular como João! Cada um escolha o seu popular, que para todos gostos há.

MvsPoema cerebral

Também falava que sua poesia não era para ser amada, que era uma poesia pensada e construida, com vagar e precisão. Que exigia um verdadeiro exercício mental. Pois eu, que passo longe de academias, nem me imagino suando para ler! Eu amava sim, de paixão o ritmo da sua escrita. E isso que ele dizia não ter ouvido para música! Confiram:
Folha – Uma das suas particularidades é a de não gostar de música, e em sua poesia o sr. de certo modo evitou a música…
João Cabral – Aí é o seguinte: eu realmente não tenho ouvido para a música, compreende, e só gosto de duas músicas: o frevo de Pernambuco e o flamenco da Andaluzia. O resto de música não me interessa. Mas o negócio é que música não é só melodia. Música é ritmo também. E minha poesia é musical no sentido de que ela é fortemente rítmica.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u352111.shtml#meloneto

Bom, se ele só conseguia distinguir 2 músicas, então eu ainda tenho esperança, pois distingo 3: Parabéns pra você; Hino Nacional e outras.

Juntos e sempre

Mas para sacudir um pouco e clamar e conclamar aos comentários, aos posts, ao retorno dos viventes, termino aqui com um pedacinho do nosso autor:

Tecendo o amanha
“Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.”
(João Cabral de Melo Neto)

Pois que o grito está lançado. Ethel Scliar

Báh primeiro vamos a surpresa de começar a ler  Morte e Vida Severina:  eu não fazia a mínima idéia de que era um poema! Mas essa leitura que a primeira vista, dada sua curta extensão pode parecer simples, se revelou transformadora, me senti, e ainda me sinto ao mergulhar nas palavras de João Cabral de Melo Neto em uma viagem por letras estrangeiras, sim pois eu uma gaúcha de sotaque carregado e uma fala permeada pelos mais diversos regionalismos me deparei com uma outra língua portuguesa, com toda uma cadência que outrora me era desconhecida e que com Morte e Vida Severina tem me parecido familiar.

Estou tri feliz em ter esta oportunidade de conhecer esta face desconhecida da literatura e com ela perceber o quão rica é a diversidade deste imenso país, e é por isso que tenho avançado devagar neste mar de letras, pois assim posso apreciar e também compreender melhor tamanha riqueza!

estrelinhas coloridas…

João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto

Fiquei em dúvida em escolher Morte e Vida Severina, por ser poema – e achava que o Clube do Livro não deveria abranger este gênero, porque já tem blog demais de poesia na rede. Mas também é dramaturgia, também tem a questão do cordel. E por fim, João Cabral é João! Dizer mais o quê? Meu primeiro contato com ele foi lá pelos idos do ginásio – ginásio, para quem nasceu na Era Virtual, era uma coisa esquisita, que a gente fazia depois do primário e depois do exame de admissão. Ahn???? Exame de admissão era assim como um vestibular, feito ali por volta de uns 11 anos. Hoje tudo isso foi substituido pelo ensino fundamental e a progressão automática: para repetir de ano, é preciso fazer muiiita força nesta época internáutica brasileira! Mas voltando. Então, a professora (ah, sim: naquela época também não tinha tias, tia mesmo era era só a irmã do pai ou da mãe) distribuiu os trabalhos. E eu caí com João Cabral de Melo Neto. Pois foi ler e me apaixonar – em especial o “Educação pela Pedra“. No dia de apresentar o trabalho, tinha feito uma seleção de poesias, que fiquei lendo para a turma. Análise? Nenhuma. Achei que o simples fato de ler aqueles textos tocava tão fundo, que nem dava para pensar em nada, que ficar fazendo análise e blá, blá, blá perderia todo encanto e a magia. Não que eu não tivesse pesquisado. Só achei que, para a turma, o mais importante era o contato direto com o texto original. A professora não concordou, quase levei zero, foi um sufoco para convencê-la que não estava brincando e não levando a sério a terefa! O mais engraçado é que, muitos anos depois, descobri que o próprio João achava que sua poesia não era para emocionar, que era uma poesia “cerebral”. Isto fica para outro post. Agora, um trechinho de Morte e Vida Severina, em letra musicada por Chico Buarque e especial da Globo.

Volta ao mundo em 8000 dias“Volta ao mundo em 8000 dias”, o livro que conta os 23 anos de aventuras de Paulo Rollo, como destacado na sua própria capa, é na verdade uma viagem em torno do eu. E isso não quer dizer que o livro não seja interessante. É. Só que ele se prende a detalhes, focado no aventureiro, não na aventura e, com isso, pelo menos no meu entender, perde um pouco do charme e do conteúdo que teria se o foco fosse a aventura, não a pessoa. Narrado na primeira pessoa, o livro nos apresenta o autor, quem é e o seu objetivo: viajar, conhecer o mundo, explorar lugares.

Na certa, a maioria de nós gostaria de fazer o que ele fez. E depois, tal como aconteceu com o aventureiro, relatar o que fizemos. E até pelo tempo em que passou nas suas viagens, certamente teria muito para contar. E efetivamente, contou, inclusive o seu olhar preconceituoso sobre povos e costumes, rotulando-os para, em alguns casos, até reconhecer que os entendia. Em outros, não. Por exemplo, em relação aos franceses, ou em relação à frieza dos europeus, inclusive os latinos. Talvez seja o caso de se perguntar se eles teriam de se enquadrar na cultura brasileira. Acho que não. E ao classificarmos eles com o nosso padrão estamos comparando e julgando coisas diferentes.

Um dado curioso do livro é o olhar do próprio aventureiro, atraído para coisas que um viajante comum não olharia. E muito menos tentaria. Nestes casos, o relato prende-se ao que ele fez e como foi feito. Os locais visitados e o que aconteceu apenas servem de pano de fundo para justificar o desejo de continuar viajando, conhecer novos locais, falar das passagens por ele, dos contatos feitos, mas nada – ou pelo menos muito pouco – sobre os próprios locais visitados.

De qualquer forma e ao final o que o viajante nos apresenta é um vasto painel de sua vida, do que fez, de como conseguiu visitar tantos lugares. O livro, neste caso, não é sobre os locais, mas sobre quem as fez. Uma escolha que se não o torna desinteressante, como já disse, faz com que seja superficial em muitos aspectos, deixando de lado o que é maior para apegar-se ao menor, como é o caso de dormir em um parque ou o de assumir a condição de sem teto, dependendo da caridade alheia para sobreviver e prosseguir.

Pode-se, no caso do livro de Paulo Rollo, fazer uma conexão com o filme Na natureza selvagem. Nele, como no livro, conta-se a história de alguém que optou pela aventura, por viajar sozinho, por conhecer lugares, por portar-se de forma diferente que a maioria. E o filme, além de focar o próprio personagem, dá vida ao que ele viu, ao que passou. As paisagens – seja a exuberância de um local ou a pobreza de outro – integram o filme, a história, tornando-a mais interessante. As paisagens viram persnagens e tão importantes quanto o próprio ator, Emile Hirsch, que fez o papel de Christopher McCandles.

Rollo, no caso do livro, é o centro de tudo e as aventuras, com os locais por onde passou, são pequenos coadjuvantes que apenas ilustram o que fez, mas não a própria aventura. O livro, no meu entender, poderia ser melhor, construído de forma diferente. Como está, não deixa de ser uma leitura agradável, que nos remete a várias partes do mundo e nos dá a visão de pequenos pedaços dos locais que o aventureiro visitou. Apesar disso, é – como já afirmei – uma leitura agradável, principalmente para quem gosta de viajar, de conhecer novos lugares, de viver coisas diferentes. As aventuras de Rollo nos levam a várias partes do mundo e, no final, nos diverte. Recomendo.

Já vamos para o próximo livro, e eu aqui, empacada na página 200. É quando termina a primeira parte. Juro que fiquei curiosa: o Príncipe ganha uma herança. Será que mudará sua forma de agir e pensar? Pulei algumas páginas, para ver se localizava a resposta. Nada. Fui até o final, li um parágrafo, retrocedi. Nada. Meu eterno problema com nomes – os brasileiros, imagine os russos! – vem com força total. Em uma só página me deparo com: Vária, Nastássia Filíppovna, Kólia, Gánia, Fiódorovitch Epantchín, Nikoláievitch Míchkin, Atos, Portos, Aramis (estes mais fáceis: são os três mosqueteiros!), Bielokónskaia… Ficou tonto? Pois que achei que tinha bebido algumas doses de vodka! Pior: não tenho nenhuma desculpa para o livro ficar assim, adormecido ao meu lado. Não tive apendicite. Não tenho projetos com o Japão. Nenhum trabalho inesperado, nenhuma doença sorrateira, nenhum amor ressuscitado. Nada. Nadica.

Como classificar os livros

Os mais sabidos me ajudem, porque não lembro a referência. Cecília Meirelles? Talvez. Enfim, se não foi ela, bem poderia ter sido. Pois disse ela que cada livro tem sua hora para ser lido. E não adianta a gente querer ignorar este fato. Há livros que nos capturam no primeiro momento, porque o momento do livro e o nosso momento coincidem: tiram nosso fôlego, nosso sono, nossa fome: enquanto não chegamos até o final, não descansamos. Até já abordamos isto aqui: ler um livro pelo prazer de ler. Outros, no entanto, não se revelam ao primeiro olhar. São como paixões escondidas, esperando o momento certo para aparecer. Não adianta insistir (já fiz muito disto!): melhor que cada livro tome seu rumo, assim como nossa vida deve seguir seu rumo… O idiota, com suas 685 páginas não reveladas, ficará aqui, na prateleira, fazendo bela figura. Um dia – quem sabe? – voltarei a ele, como às vezes desejamos voltar aos antigos amores que deixamos, sem fechar as portas por completo. Agora, abro meu coração para a próxima leitura. Desculpe, Dostoiévski. Bem-vindo seja lá quem for. Ethel SC

Eu sabia que era pra dar as dicas dos livros novos pelo meio de abril… mas não contei com o imprevisto de ficar doente…
Tive que fazer uma cirurgia de apendicite na semana passada… Estou bem, me recuperando, mas ainda nao estou no meu 100%.
Hoje abri meu computador depois de quase 2 semanas e vi que tinha passado uma semana da data de votacao. Me perdoem.. mas vou tentar me redimir….

Depois de alguns livros lendo em inglês e vindos de uma cultura distante… resolvi facilitar para o meu lado… vou propor uma coisa bem divertida. Como venho de Recife, e todos sabem que é uma das capitais mais ricas culturalmente no Brasil, vou propor 3 textos de teatro regional.

Desculpem se nao tenho referencias, fotos das capas e nem resumo pra ajudar nas escolhas… lembrem que estou covalescente e quero so divulgar os novos livros para serem lidos:

1. O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna

2. Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto

3. Antonio Conselheiro, de Joaquim Cardozo – esse texto não achei publicado em editora, mas pode fazer download a partir da pagina oficial do autor.

Espero que gostem do tema!

Boa escolha!

suborno2“Gente honesta já por si mesma é terrivelmente rara. Além disso, não há mais ninguém a que se possa respeitar. Não há adianta uma pessoa querer topar com a gente que faz questão de ser respeitada. É o caso de Vária. E já reparou, príncipe, que hoje em dia está tudo cheio de aventureiros? (…)E como tudo ficou assim é que não posso compreender! Os alicerces pareciam tão firmes! E, todavia, que vemos nós agora? Muito se fala e se escreve mostrando este estado de coisas.” (O Príncipe, Dostoivski, 2007, p. 153).

Um das coisas que me intriga sempre é como o ser humano muda, muda, muda – e continua tudo igual. Esta certo, este texto foi escrito em 1868 – em termos de História, está logo ali, na esquina, faz um nada Mas a gente recua no tempo, e continua igual. Já visitou Pompéia? Pois as inscrições nos muros celebram amores e traições, comércio e sonhos. Isto ja vão lá quase dois mil anos. Está bem, apesar do dia bonito, do sol, do céu azul e dos gatinhos que teimam em brincar, alheios às minhas indagações, creio que hoje acordei um pouco e vagamente desesperançada. Por isso continuo andando na linha do tempo e me encontro agora por volta do ano 385 a.c.

“Fica sabendo, não lhe importa nada que uma pessoa seja bela – ao contrário, despreza esse predicado a um ponto inimaginável; nem que seja rica ou tenha outra vantagem daqueles que o vulgo reputa felizes. Todos esses bens, na sua opinião, não tem nenhum valor e nós não somos nada; eu vo-lo asseguro.” (Diálogos, Platão, Cultrix, p. 90).

A luta do príncipe frente aos desmandos daqueles que buscam a glória e o dinheiro só desnuda aquilo que sempre soubemos. Ethel Scliar Cabral

Mesmo que minha leitura tenha avançado muito pouco nesta última semana, percebi que o título do livro nos leva a criar um estigma para a personagem, que até agora pelo menos não se verfica, pois parti do pressuposto que encontraria um completo “idiota” e que tem se mostrado apenas ingênuo,  esse suposto trocadilho linguístico foi o que me levou a este engano e também a observar como a epilepsia define o Príncipe Míchkin,  ela é a raiz na qual se sustenta todas as características desta personagem tão peculiar. Espero que Dostioévski ainda reserve muitas surpresas durante esta ótima leitura!


evitando o cretinismo

evitando o cretinismo: teste do pezinho

A palavra idiota é muito interessante. E, como todas as palavras, tem poder. Afinal, são as coisas que determinam as palavras, ou as palavras que determinam as coisas? Não, não! Não digam que sou idiota, discutindo o que veio antes – se o ovo ou a galinha, ou que pouco importam tais elucubrações…
O príncipe Myshkin, na novela de Dostoievski, se assume idiota. Mas que idiota é este? O idiota dos gregos, que não eram considerados cidadãos e, por tanto, não podiam assumir um cargo público? Ou o idiota que não possuía nenhuma habilidade prática, era incapaz de se sustentar? Ou o idiota da psiquiatria, o doente mental, usado junto com o termo cretinismo? O cretinismo é aquela doença que se detecta com o “teste do pezinho”. Talvez de tudo um pouco – mas Myshkin na verdade, apresenta-se como o ingênuo, a pessoa que, por não ingressar no mundo competitivo, continua sendo Peter Pan, a eterna criança. Hoje, no uso popular, o termo também se confunde: chamamos de idiota quem não consegue entender alguma coisa (que para nós parece óbvia). Cretino também é usado com este sentido – e ambas as palavras, de forma pejorativa em relação ao outro. Já quando a gente chama a si próprio, a palavra suaviza-se e retoma o significado de –Ah, que ingênuo fui! E não somos todos idiotas, alguma vez na vida?

Michel Foucault

Michel Foucault

O peso de um nome

Ao taxar uma pessoa, ao classificá-la e qualificá-la, estamos reforçando sua identidade. A pessoa pode aceitar isto, ou então se rebelar. O interessante é que a acepção mais ampla de idiota está relacionada diretamente com o poder…
“O grotesco é um dos procedimentos essenciais à soberania arbitrária.Mas vocês também sabem que o grotesco é um procedimento inerente à burocracia aplicada. Que a máquina administrativa, com seus efeitos de poder incontornáveis, passa pelo funcionário medíocre, nulo, imbecil, cheio de caspa, ridículo, puído, pobre, prepotente, tudo isso foi um dos traços essenciais das grandes burocracias ocidentais, desde o século XIX.” (Os Anormais, Focault, 2001, p. 16)
Ao taxar o outro de idiota, me defendo do seu poder. Quem nunca se revoltou ao se ver nas mãos de zeladores, sub-secretários, assistentes e aspones e suas absurdas exigências? Quanto maior a ignorância, mas taxativo o poder. O Idiota revela estes mundos de embate e mesquinhez, mundos que até hoje procuram nos engolir.

O vídeo abaixo mostra o idiota sob uma perspectiva bem humorada – afinal, o (des)conhecimento é uma variável, que se altera com o tempo e as tecnologias. E quem nunca se sentiu idiota procurando o Planeta dos Textos Perdidos? Ethel Scliar Cabral

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