Já vamos para o próximo livro, e eu aqui, empacada na página 200. É quando termina a primeira parte. Juro que fiquei curiosa: o Príncipe ganha uma herança. Será que mudará sua forma de agir e pensar? Pulei algumas páginas, para ver se localizava a resposta. Nada. Fui até o final, li um parágrafo, retrocedi. Nada. Meu eterno problema com nomes – os brasileiros, imagine os russos! – vem com força total. Em uma só página me deparo com: Vária, Nastássia Filíppovna, Kólia, Gánia, Fiódorovitch Epantchín, Nikoláievitch Míchkin, Atos, Portos, Aramis (estes mais fáceis: são os três mosqueteiros!), Bielokónskaia… Ficou tonto? Pois que achei que tinha bebido algumas doses de vodka! Pior: não tenho nenhuma desculpa para o livro ficar assim, adormecido ao meu lado. Não tive apendicite. Não tenho projetos com o Japão. Nenhum trabalho inesperado, nenhuma doença sorrateira, nenhum amor ressuscitado. Nada. Nadica.
Como classificar os livros
Os mais sabidos me ajudem, porque não lembro a referência. Cecília Meirelles? Talvez. Enfim, se não foi ela, bem poderia ter sido. Pois disse ela que cada livro tem sua hora para ser lido. E não adianta a gente querer ignorar este fato. Há livros que nos capturam no primeiro momento, porque o momento do livro e o nosso momento coincidem: tiram nosso fôlego, nosso sono, nossa fome: enquanto não chegamos até o final, não descansamos. Até já abordamos isto aqui: ler um livro pelo prazer de ler. Outros, no entanto, não se revelam ao primeiro olhar. São como paixões escondidas, esperando o momento certo para aparecer. Não adianta insistir (já fiz muito disto!): melhor que cada livro tome seu rumo, assim como nossa vida deve seguir seu rumo… O idiota, com suas 685 páginas não reveladas, ficará aqui, na prateleira, fazendo bela figura. Um dia – quem sabe? – voltarei a ele, como às vezes desejamos voltar aos antigos amores que deixamos, sem fechar as portas por completo. Agora, abro meu coração para a próxima leitura. Desculpe, Dostoiévski. Bem-vindo seja lá quem for. Ethel SC
7 comentários
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abril 26, 2009 às 11:13 pm
Lino Resende
Não foi só você quem empacou, não, Ethel. Eu também. Acho que a minha relação com Dostoiesvsky é mesmo tumultuada. Estou me esforçando, mas a leitura anda difícil e, sobretudo, lenta.
abril 28, 2009 às 2:03 pm
SOCORRO OLIVEIRA
eu estou adorando o livro…principalmente o paralelo da idiotia e a paixão !…talvez seja uma visão mais profunda do sentimento, quem não fez papel de idiota qd apaixonado ? Eu inumeras vezes, já fui palhaça e banquei a amiga …quer Idiotia maior do que essa !
janeiro 19, 2011 às 3:05 am
Bruna
De todos os livros de Dostoievsky, vc tinha que ir justo neste? O Idiota é, até hoje, uns dos poucos livros que não consegui terminar porque acabo me perdendo na complexidade das personagens. Um dia em consigo!
Mas ainda assim, o autor é um dos melhores de todas as épocas da literatura mundial. Simplesmente o amo.
março 4, 2011 às 2:28 am
May
Mudando o título, mas permanecendo o autor… Ando enamorada com Dostoiévski! Acabei de ler o “Eterno Marido” e já estou escolhendo o proximo, a dúvida entre ler “O Idiota” ou “Crime e Castigo”.
agosto 12, 2013 às 10:45 pm
Rodrigo
Tambem estou tentando aprofundar na densidade existencial dos personagens de crime e cartigo
agosto 12, 2013 às 10:50 pm
Rodrigo
Estou tentando terminar crime e castigo
fevereiro 22, 2014 às 12:04 am
Vida e Esperança. (@Vidaeesperanca)
Olá pessoal.
Bem, esse autor é o que mais aprecio. Seus livros são belíssimos, porém creio que seja necessário uma certa cautela antes de se aventurar na leitura deles.
Tomo a liberdade de lhes indicar um link onde tem um roteiro para ler Dostoiévski., segue abaixo:
http://pablogonzalez1.blogspot.com.br/2011/01/um-roteiro-para-ler-dostoievski.html
Boa leitura a todos!